Alunos, em sala o professor Syndicate. A lição de hoje é Evangelion (roteiro e arte de Yoshiyuki Sadamoto).
Neon Genesis Evangelion #3 e #4 pela Editora
Conrad.
Esta aula leva em conta apenas e somente o
apresentado nas referidas edições.
Em um período futuro de reconstrução, década
e meia pós-hecatombe mundial. Pré-adolescentes pilotam robôs gigantes no
combate a monstros (também gigantes) cujo objetivo seria a extinção da raça
humana.
Destoando de outras obras onde
os pilotos seriam engajados e dedicados combatentes, o protagonista Shinji
Ikari é apenas “um cara normal” forçado a pilotar seu mamulengo descomunal em
batalhas de vida ou morte contra os monstrengos. Por companheira de lutas,
conta com Rei Ayanami, jovenzinha pilotando um outro robô gigante.
Salta aos olhos a falta de
protecionismos no roteiro para com os combatentes pró-humanidade. Diferente de
um, vá lá, capitão américa, cuja saraivada de balas inimigas é sempre defletida
por seu garboso escudo listrado. Em Evangelion, o monstro aplica uma surra no
defensor Shinji. Cujas ações tornam ainda pior o já caótico cenário da batalha.
Birra adolescente, erros táticos, insubordinação. Temperado com armamento
ineficaz, limitações tecnológicas e ataques quase suicidas. Tudo isso a um
passo da extinção dos humanos.
Ainda a
respeito do roteiro, um plot caracterizado por problemas interpessoais roda
abaixo da guerra com os monstros. Vias de fato por bullying na escola e revolta
contra uma cuidadora. O roteiro tem as manhas de fazer emergir o referido plot
bem no meio da movimentada batalha robô gigante/monstro. O protagonista, ao
invés de sair fortalecido deste turbilhão e da vitória alcançada a duras penas,
destrambelha de vez e foge.
Nos desenhos, um quase
personagem emerge do uso de dados advindos do robô gigante em batalha.
Mostrador digital regressivo para o fim da bateria interna, fichas informativas
dos abrigados no robô, disfunções na interação piloto/robô. A arte-final
utiliza linhas grossas e hachuras variadas.
Aprendizado de hoje:
plots podem ser solertemente infiltrados ao longo de um roteiro. “Rodando” até
o ponto de emergirem, conferindo ainda mais dramaticidade ao clímax da trama.
Nos desenhos, fluxos de dados podem ser
visualizados e assim converter-se em apoio à própria narrativa visual da obra.
Alunos, nosso professor Syndicate.
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