BLADE – A Lâmina do Imortal #7 e #8

 Alunos, em sala o professor Syndicate. A lição de hoje é BLADE – A LÂMINA DO IMORTAL (roteiro e arte de Hiroaki Samura).

 

BLADE – A Lâmina do Imortal #7 e #8 pela Editora Conrad. Esta aula leva em conta apenas e somente o apresentado nas referidas edições.

No Japão antigo, Manji é um espadachim conhecido por “matador de 100 pessoas” e dotado da imortalidade – ainda que não seja invulnerável – trabalhando como guarda-costas para a jovem Rin na busca dela por vingança contra o grupo criminoso Itto-Ryu.

Duelos de espada e outras armas brancas entre Manji e os asseclas da Itto-Ryu são a tônica nesta obra. De tão frequentes, o próprio Manji comenta sarcástico sobre “como vocês malditos ´Itto-Ryu´ aparecem em todo lugar que estamos? Por acaso tem uma bandeira presa na minha bunda?”

            E outro encontro fortuito com um inimigo já ia resultar em sanguinolência. Entretanto, os espadachins são congelados pelo grito de uma criança: “Pai!” Neste ponto é inserido o tema da paternidade de um dos inimigos. Aprisionando o mecanismo encontra-inimigo-luta-vence padrão da busca por vingança, o foco narrativo muda para a jovem Rin, abalada que está por encontro com o bandidão da série, líder dos inimigos.

            Incerta quanto a continuar ou não sua empreitada de vingança contra a Itto-Ryu, chegando a considerar como “acordei e me vi no inferno da vingança”. Reforçando o tema da paternidade empregado, Rin reencontra e salva de apuros o filho do inimigo, ficando cara a cara com o assecla – um dos responsáveis diretos pelas mortes de sua família – na residência deste. Quanto a Manji, sem poder sacar suas espadas enquanto o mecanismo da série segue preso pelo tema da paternidade, resta-lhe procurar por sua empregadora adolescente.

Um outro, digamos, subtema roda na característica do oponente também ser um artista fazedor de máscaras ornamentadas. Dá quase para visualizar a frase de Manji “esse estranho senso estético seu... até que gosto” vindo direto de um comentário ouvido pelo autor da obra no “mundo real”.

Na prática, cada tema possui seu respectivo personagem dentro da trama apresentada. Manji é a busca por vingança, o vilão é a paternidade tentando se manter a quaisquer custas e a jovem Rin encena a indecisão entre vingança e defesa da paternidade.

            Mas não tem jeito. Vai acabar em um duelo mortal entre Manji e o inimigo. A corrida do drama torna-se uma escalada rumo aos finalmentes. Rin cai desacordada nas garras do inimigo, Manji rastreia e encontra a residência dele e ambos se engalfinham em uma feroz briga de facas.

            Um clímax construído pouco-a-pouco ao longo das duas edições. Por meio do sofrimento psicológico de Rin, a inocência expressa do filho do vilão, e como este se dispõe a matar também para preservar a relação com a criança e a detentè a impedir Manji de “fechar o circuito” da vingança.

Porém, o tema da busca por vingança ainda ri por último. O filho do oponente presencia a morte do próprio pai em um cliffhanger que congela a última página da segunda edição.

Aprendizado de hoje: temas podem ser inseridos em tramas e, se atritarem com mecanismos de roteiro corriqueiros das obras, melhor ainda. Personagens em conflito, defendendo – ou incertos quanto a defender – seus “castelos de areia” particulares pavimentam a escalada dramática rumo ao clímax. Após o qual um dos temas pode prevalecer. Nesta briga de temas atritando com mecanismos do roteiro quem ganha é a qualidade da obra e seus leitores com o entretenimento.

            Alunos, nosso professor Syndi©ate.

 

            Quanto ao filho do vilão, testemunha da morte de seu pai? Na edição seguinte, digamos que Manji “empreste um braço” para evitar que ele caia no “inferno da vingança” de que falou Rin.

 

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